De segunda à sexta-feira as atividades são distribuídas conforme um planejamento terapêutico. Podem ser pensadas isoladamente ou em relação às demais, dentro de um projeto global.
Entretanto o programa terapêutico para cada paciente é estabelecido conforme seu diagnóstico, a partir de avaliações periódicas que visam levar em conta as possíveis modificações ocorridas no processo de tratamento.
Essas modificações são múltiplas e variadas, como por exemplo, no caso de um paciente cronificado, que após algum tempo de tratamento no Hospital–Dia, demonstra suas verdadeiras dificuldades que estavam encobertas pela iatrogenia dos tratamentos recebidos anteriormente. Ainda em outros pacientes, que chegam diagnosticados com determinadas patologias, depois de vivenciarem por algum tempo a dinâmica de tratamento oferecida pelo Hospital-Dia, observamos que sua sintomatologia dá lugar ao surgimento de sua verdadeira conflitiva psíquica, da verdadeira dinâmica familiar e do lugar que o paciente ocupa nesta.
Assim propomos um cotidiano institucional organizado em torno de grupos terapêuticos com diferentes instrumentais verbais e expressivos, que acontecem ao longo de cada dia, intercalados com o café da manhã, almoço, lanche e espaços livres, nos quais os pacientes junto com os terapeutas organizam o tempo com jogos, conversas, passeios e leituras.
Os pacientes são divididos em três sub grupos que têm como eixo de tratamento os Grupos de Psicoterapia e Grupos de Terapia Ocupacional, que acontecem duas vezes por semana cada.
Nestes grupos são aprofundados o conhecimento e as elaborações dos motivos que provocam alterações na estrutura psíquica, causando nesta, deficiências que alteram as possibilidades do pensar, do sentir, do agir, da comunicação.
O objetivo desses grupos é a reorganização do psiquismo, a construção de um eixo ordenador, que falta nesses pacientes, e a resignificação da história particular e subjetiva vivida por cada um.
Nos Grupos de Psicoterapia, essas questões são trabalhadas utilizando fundamentalmente as técnicas de expressão verbal, uma vez que o objetivo é o da elaboração, significação e simbolização dos conflitos psíquicos. Sabemos que nas estruturas psicóticas e neuróticas graves, o entendimento do acontecido na própria história está encoberto pelos delírios e alucinações que fazem referência a esta história de uma forma metafórica. Esta, portanto tem que ser desvendada e elaborada pelos terapeutas junto aos pacientes referenciados no contexto grupal.
Já nos Grupos de Terapia Ocupacional, todas essas questões são trabalhadas a partir da oferta de um instrumental expressivo – as atividades- que cumprem a função de intermediação da relação terapeuta-paciente e grupo. Isto permite que esses conflitos que ainda não podem ser verbalizados apareçam de forma concreta, mas ainda inconsciente, na produção desses pacientes. Assim fica possibilitado o trabalho de significação dos conteúdos psíquicos através dessa outra abordagem terapêutica,
que tem também o intuito de incentivar a experimentação de novas formas do fazer, de criar, de captar o mundo, trocar, relacionar-se com a sua própria produção e com os outros.